DIETA CÍCLICA – QUAL DEVE SER O INTERVALO DA RESTRIÇÃO E MANUTENÇÃO?

Dentro dos mecanismos de regulação do peso corporal, a subtração de uma refeição típica, em virtude das oscilações transitórias
em hormônios e sensações, gera compensações metabólicas e comportamentais, endereçando a entrada e saída energética. Acontece que evidências vêm sendo somadas apontando que as compensações advindas da omissão do café da manhã (OC) não são completamente satisfeitas. Em outras palavras, o balanço energético negativo seria atingido, apesar das compensações e variações no padrão alimentar (1-4).
Para quantificar e exemplificar, em (1), OC de 350kcal não provocou compensação no almoço, apesar da fome aumentada.
OC de 624kcal acarretou em compensação de 174kcal no almoço, onde estabilizou, mantendo déficit de 450kcal.

Curiosamente, algo similar ocorre em uma escala maior, isto é, em razão de variações intermitentes na energia em dias. Por exemplo, em (5), os participantes obesos foram submetidos à uma intervenção de 10 semanas, sendo 2 semanas de controle, seguindo com 4 semanas ADMF CONTROLE, prosseguindo com 4 semanas ADMF À VONTADE (~25% das necessidades energéticas em 1 dia, alternando com 1 dia de alimentação LIVRE. Na ADMF CONTROLE as refeições eram fornecidas aos participantes, enquanto que na ADMF À VONTADE, não, focando apenas em orientações nutricionais e listas de substituições individualizadas).
A princípio você poderia supor que a restrição demasiada em um dia geraria compensações no outro. No entanto, não só os obesos aderiram à restrição, como ainda NÃO apresentaram uma resposta hiperfágica na fase “ad libitum”, como apresento na imagem.

Em (6), comparou-se o efeito de restrições contínuas com intermitentes na perda de peso. Após a intervenção de 8 semanas, os participantes foram instruídos a manter o procedimento dietético por mais 52 semanas, onde houve nova coleta de dados.
A composição das dietas ficou equivalente, ~1300kcal, ~90g de proteína, mas na abordagem contínua os indivíduos mantinham a ingestão sem variações, enquanto que na metodologia intermitente era feita 1 semana de restrição para 1 semana de dieta padrão/usual.
Na imagem destaquei o que ficou evidente para mim: Da semana 8 para 1 ano após praticamente não houve progresso nenhum, independente da estratégia. NÃO devido à adaptações metabólicas, ou outro fenômeno de ordem homeostática, mas devido à falta de uma supervisão de perto, capaz de modificar vieses cognitivos, trazendo sensação de conquista, competência e de esforço justificável.
OBS: Mulheres obesas.

Em (7), 30 semanas de intervenção, todas refeições providenciadas, mas consumidas em casa.
Grupo controle: 16 semanas em restrição, seguindo com 14 semanas em manutenção;
Grupo intermitente: 30 semanas, intercalando 2 semanas em restrição + 2 em manutenção (16 semanas + 14 semanas).
Na fase de restrição, o déficit foi de -33% e o conteúdo proteíco era de ~15-20%.
Os achados de destaque nesse estudo foram a maior perda de peso no grupo intermitente, predominantemente de gordura, além de maior preservação da taxa de metabolismo
basal.
OBS: Homens obesos.

Em (8), a comparação seguiu a mesma lógica, mas os intervalos ficaram:
CD: 15 semanas de restrição + 5 semanas de manutenção (20 semanas totais);
ID: 5 semanas de restrição + 5 semanas de manutenção (30 semanas totais)
A restrição ficou definida para que se atingisse a perda de 1% de peso por semana.
Conforme exposto na imagem, a perda de massa magra foi bem mais significativa no grupo ID.
OBS> Mulheres pós menopausadas.

CONCLUSÃO: A aplicabilidade da restrição deve ser vista caso a caso, sempre apreciando o estado motivacional e as dificuldades para a implementação do plano.
Além disso, a literatura vem reforçando que as restrições mais severas/jejum intermitente acarretam em respostas compensatórias mais expressivas em mulheres. Me parece que algo próximo pode acontecer também nas restrições intermitentes.

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